Decisão foi tomada em assembleia unificada; categoria cobra reestruturação das carreiras e reajuste salarial
Os servidores públicos estaduais do Espírito Santo aprovaram, por unanimidade, o início de uma greve geral a partir da próxima terça-feira (7). A decisão ocorreu em assembleia unificada realizada nesta quarta-feira (1º), com a participação de trabalhadores de 14 órgãos e secretarias do Executivo estadual, totalizando cerca de 3,7 mil servidores.
Segundo a presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Servidores Públicos do Espírito Santo (Sindipúblicos), Renata Setúbal, a paralisação é resultado da falta de propostas do governo em relação à reestruturação das carreiras.
“Não vamos recuar. Reunião sem proposta não resolve. Queremos resposta concreta para discutir com a categoria”, afirmou.
REIVINDICAÇÕES
principal pauta da mobilização é a reestruturação das carreiras, considerada fundamental para corrigir a defasagem salarial que, de acordo com o sindicato, já passa de 50%. A proposta da categoria prevê reajustes que recuperariam até 30% desse déficit, com impacto estimado em apenas 1% da folha de pagamento do Estado.
Outro ponto de destaque é a equiparação proporcional entre servidores do Executivo e do Judiciário. Atualmente, um servidor de nível superior do Executivo recebe cerca de R$ 6,9 mil para 40 horas semanais, enquanto no Judiciário o valor chega a R$ 7 mil para 30 horas. A proposta sindical eleva o vencimento do nível superior no Executivo para R$ 9,3 mil, com reajustes proporcionais para técnicos (70%) e nível médio (50%).
HISTORICO
A última greve geral dos servidores estaduais ocorreu há mais de 20 anos, durante o governo José Ignácio (PSDB). Desde então, as paralisações tiveram alcance limitado: em 2012, atingindo apenas Incaper, Idaf e Iema; e em 2015, no governo Paulo Hartung, com o chamado “apagão dos serviços públicos”, que durou três dias.
GOVERNO REAGE A PRESSÃO
Às vésperas da greve, o vice-governador Ricardo Ferraço (MDB) convocou reunião com a diretoria do Sindipúblicos para a próxima segunda-feira (6). O encontro é visto pelos dirigentes como resultado da pressão da categoria, mas o futuro da paralisação depende da apresentação de uma proposta concreta.

A dirigente Renata Setúbal também alerta para a evasão de profissionais, que chega a 40% em algumas carreiras, comprometendo a continuidade de políticas públicas essenciais.
Para Wanuza Pereira, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente (Sindaema) e representante da CUT, a greve é inevitável diante do impasse:
“O governo fechou as portas da negociação. Só com pressão conseguimos marcar reuniões. É hora de avançar e melhorar as condições de trabalho.”
📷 Foto: Rodrigo Zaca/Governo ES
Deixe um comentário